NÍVEIS DE TOXICIDADE E ATENDIMENTO CLÍNICO




VEGETAIS
A ingestão de vegetais é uma das 10 principais causas de intoxicação em todo o mundo. Plantas decorativas são encontradas em várias casas, e os jardins domésticos fornecem acesso a uma variedade de vegetais atraentes e potencialmente fatais. Felizmente, a intoxicação grave a partir de vegetais é rara em crianças porque a quantidade de material vegetal necessário para causá-la é maior do que a que uma  pequena criança ingere. A toxicidade grave ou o óbito causado pela ingestão de vegetais é geralmente resultado de abuso intencional (estramômio [Datura stramonium], da família das solanáceas; figueira-do-diabo), uso inadequado (p. ex., vários chás extraídos de plantas) ou tentativas de suicídio (p. ex., oleandro).

MECANISMO DE TOXIDADE
Os vegetais podem ser categorizados de acordo com sua toxicidade potencial do vegetal ingerido

GRUPO 1
Contêm venenos sistematicamente ativos que podem causar intoxicação grave.
GRUPO 2a
Contêm cristais insolúveis de oxalato de cálcio que podem causar dor forte e edema das membranas mucosas. Muitas plantas domésticas encontram-se nessa categoria.
GRUPO 2b
Contêm sais solúveis de oxalato (sódio ou potássio) que podem produzir hipocalcemia aguda, insuficiência renal e lesões em outros órgãos secundárias à precipitação dos cristais de oxalato de cálcio em vários órgãos. A irritação das membranas mucosas é rara, possibilitando a ingestão de quantidades suficientes para causar toxicidade sistêmica. A gastrenterite também poderá ocorrer.
GRUPO 3
Contêm várias toxinas que geralmente produzem irritação GI branda a moderada após a ingestão, ou dermatite após o contato com a pele.

DOSE TÓXICA 
A quantidade de toxina ingerida geralmente é desconhecida. As concentrações do agente tóxico podem variar, dependendo da parte do vegetal, da estação e das condições do solo. Em geral, ingestões por crianças de uma única folha ou de poucas pétalas, mesmo do grupo 1, resultam em pouca ou nenhuma toxicidade devido à pequena quantidade de toxina absorvida. Mergulhar a planta em água quente (p. ex., um chá “fitoterápico”) poderá ocasionar a absorção de quantidades muito grandes da toxina.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA
A apresentação clínica depende do agente tóxico ativo , embora inclusive vegetais atóxicos possam causar tosse, obstruções ou asfixias em caso de ingestão de uma grande porção.

GRUPO 1
Na maioria dos casos, ocorre vômito, dor abdominal e diarreia em 60 a 90 minutos após ingestão significativa, porém os sintomas sistêmicos poderão demorar algumas horas enquanto as toxinas são ativadas no intestino (p. ex., glicosídeos cianogênicos) ou distribuídas pelos tecidos (p. ex., glicosídeos cardíacos). Com algumas toxinas (p. ex., ricina), a gastrenterite grave poderá levar à perda maciça de fluido e eletrólitos e ao comprometimento GI.
GRUPO 2a
Cristais insolúveis de oxalato de cálcio causam queimação oral imediata, dor e ardência em contato com as membranas mucosas. Poderá ocorrer edema dos lábios, da língua e da faringe. Em casos raros, o edema de glote poderá levar à obstrução da via aérea. Os sintomas geralmente se resolvem em poucas horas.
GRUPO 2b
Oxalatos solúveis podem ser absorvidos para o interior da circulação, onde se precipitam com o cálcio, o que poderá ocasionar hipocalcemia aguda e insuficiência múltipla de órgãos, incluindo necrose tubular renal (ver “Ácido oxálico”, ).
GRUPO 3
Poderá ocorrer irritação na pele ou nas membranas mucosas, embora seja menos grave do que nos casos dos vegetais do Grupo 2. Vômito e diarreia são comuns, mas geralmente brandos a moderados e autolimitados. Os desequilíbrios de fluido e eletrólitos causados pela gastrenterite grave são raros. 

DIAGNÓSTICO  CLÍNICO
O diagnóstico é obtido com base na história de exposição e na presença de material vegetal no vômito. A identificação do vegetal geralmente é difícil. Como na maioria das vezes os nomes comuns se referem a mais de um vegetal, é preferível confirmar o nome científico correspondente. Em caso de dúvida na identificação do vegetal, deve-se apresentar uma parte dele (não apenas a folha ou o fruto) para uma enfermeira local, para departamento de botânica de uma universidade e principalmente nos centros especializados em intoxicação  em cada Estado..

Níveis específicos.
Os níveis séricos da maioria das toxinas vegetais não se encontram disponíveis. Em casos particulares, poderá ser usada a análise laboratorial para fármacos terapêuticos (p. ex., teste da digoxina para os glicosídeos do oleandro, nível de cianeto nos glicosídeos cianogênicos).

Fonte
Judith A. Alsop, PharmD, DABAT
NÍVEIS DE TOXICIDADE E ATENDIMENTO CLÍNICO NÍVEIS DE TOXICIDADE E ATENDIMENTO CLÍNICO Revisado por Blog on junho 29, 2018 Avaliação: 5

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